Hoje faz nove meses que você é um idiota.
Um completo idiota. Mas não se confunda, eu não percebi isso só agora. Já faz
nove meses que eu sei disso. Nove meses que eu sei disso e muitas outras
coisas. Como, por exemplo, que rock não é como eu achava que era, que aprender
a tocar violão sozinho é totalmente possível, que as pessoas julgam demais as
outras, que a sociologia não é tão chata assim - muito menos a filosofia -, que
religião é pura bobagem e hipocrisia, que séries de ação podem ser muito boas, que
garotos também pensam nas coisas idiotas antes e depois de ficar, que beleza
não é assim tão importante, que a politica brasileira seria muito melhor se as
pessoas se importassem com ela, que irmãos podem não gostar de suas irmãs, que
até o mais insensível de todos tem suas fraquezas e que um garoto determinado
consegue conciliar muitas coisas na vida, não importa se elas são chatas ou
insuportáveis. Mas mesmo aprendendo tudo isso e muito mais, todos esses meses
não me adiantaram em nada, se você quer saber. Atrasou-me um pouco, pra ser
sincera. Tudo bem, eu entendi que quando as coisas são muito fáceis elas perdem
a graça, mas... Essa história já teve graça demais. Às vezes se precisa de um
pouco de tristeza e... Olha que surpresa! Essa história também já teve muita
tristeza.
Nove meses perdidos, ou nove meses ganhos.
Você é quem escolhe. E aqui estou eu, novamente, te dando as cartas do jogo.
Esse jogo costumava ser meu. Eu dava as cartas, você só as embaralhava. Mas
você sabia fazer isso tão bem, que acabou me embaralhando junto. Me tirou da
ordem, me perdi do meu naipe, mudei de jogo. Só sabia jogar truco e fui parar
justo no poker... A sua melhor modalidade. Na verdade, é ridículo dizer isso.
Sua “melhor” modalidade não existe. Você é bom na porra do que você quiser. Mas
bom mesmo, mesmo, só em me ganhar... Ah e isso você faz com perfeição! Sabe as
estratégias certas, meus pontos fracos e fortes, a hora de começar o jogo, a
hora de fraquejar e a hora do xeque-mate. Mas será que já não está na hora da
nossa partida final? Sem mais rodeios, sem mais metáforas ou qualquer outra
figura de linguagem. Chega de segredos. Eu costumava te contar todos eles, até
você virar o principal, e eu não quero que você seja o principal. Cansei de
perder tempo dando tantos tiros no escuro, apostando no futuro e esquecendo do
presente. Preciso aceitar que o meu presente não é você e que não há garantias
em contar com o futuro. O futuro é incerto e pode não existir. Quem pode dizer?
Ninguém. Nem eu que estou sempre certa, e nem você que sabe tudo, meu amor.
Pensei em te escrever hoje cedo. Dizer
tudo, tudo isso que estou dizendo aqui. Pensei em me render, me derramar em teus
braços, te dar - ainda mais - certeza de que você me tem nas mãos. Só pensei.
Eu faço tudo errado e você sabe disso. Eu sou uma otária - ou a rainha das
babacas, como você preferir -, e você também sabe disso. Você sabe coisas
demais, e não sabe do principal. Ou será que sabe? Estou fechando um ciclo e
começando outro. Esses próximos nove meses serão diferentes. Me desculpe,
antecipadamente, pelas coisas que estou pensando em lhe dizer. Quero te dizer
que hoje faz nove meses de que você é um idiota. Um completo idiota. Mas não se
confunda: você é o meu completo idiota. E é assim que eu gosto.
- Em Tenebris
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