Depois de tantos meses, pela primeira vez me permiti
sentir sua falta. A data marcada no calendário me incomodou e me fez enxergar
que o tempo, tão rapidamente, passou. Pergunto-me se você também se lembrou, se
pensou em mim, se pensou em nós.
Eu estava montando a árvore de Natal, ouvindo as
mesmas músicas natalinas de sempre, neste dia do ano que eu tanto amo... E, que
tanto amei dividir com você durante todos os nossos dias. Enrolada em meio às
fitas, enfeites e luzes, querido, pensei em nós. Em mim. Em um ano antes e em
como minha cabeça viajava além pensando no dia que faríamos isso juntos, em
nossa casa, com nossos filhos e um cachorro – porque era o número máximo de
animais que você aceitava ter. Perdi-me em pensamentos e senti o peito apertar,
pela primeira vez depois de tantos meses.
Pergunto-me
se você também lembrou. Ou, se algo na rua te fez lembrar, talvez durante a
semana ou em qualquer outro momento, que hoje éramos para estar felizes,
comemorando e prometendo. Fazendo planos para o ano que viria. Nossa promessa
era sempre nós, você ainda se lembra?
Pergunto-me se em todos os sábados você também sente
vontade de voltar naquele restaurante, mas desiste ao lembrar que só íamos
juntos. Penso se você ainda se lembra dos pequenos detalhes, das vezes que
lavamos louça juntos numa tarde de domingo, nos sujamos com a espuma e nos
beijamos depois, rindo. Das vezes que dormimos abraçados no sofá, das vezes que
chorei ao te contar qualquer coisa – porque eu sempre pude te contar qualquer
coisa. Queria saber se você sente saudades do Zeca, se pensa na minha avó, se
eu ainda sou mencionada nos almoços de família.
Depois de meses, pela primeira vez me permiti sentir
sua falta.
Coloquei para tocar aquela música que eu sempre disse
ser nossa, e que você sempre insistiu que não era. Sendo ou não sendo, ela
sempre me fez pensar em você.
Mesmo
depois de três anos, eu ainda consigo te ver cantando as letras dela pela
primeira vez pra mim, naquele telhado, com aquelas pessoas. O escuro da noite
caindo sobre nós e a certeza de que eu tanto te amava pesando em meus ombros.
Depois de tantos meses, pela primeira vez chorei por
nós.
Chorei por perceber o que nos tornamos. Quem nós
éramos, e como o nosso nós tão facilmente se foi.
Sempre pensei que fosse passar o resto da minha vida
ao teu lado – viver sem ti nunca fez parte dos meus planos. Tá... Tudo bem, hoje
enxergo o quanto sei andar com minhas próprias pernas, mas a árvore montada e a
certeza do primeiro Natal sem você depois de tanto tempo... Os acordes daquela
música... Simplesmente me fizeram sentir sua falta. Pela primeira vez em meses
quis sair correndo até você, te abraçar e te pedir desculpas. Desculpas pelas
coisas que nunca fiz, e pelas que eu fiz também.
Não sei se está bem, se está saindo, vivendo... Não
sei se está feliz, triste, cansado. Não sei mais nada de ti, assim como você
não sabe mais nada de mim. E, de alguma forma, isto me incomoda. Às vezes
queria poder te contar do meu dia, só por contar. Pela força do hábito. Pelo
respeito a quem éramos, pelo respeito a quanto eu te amei.
Pela primeira vez senti sua falta, mas enxerguei que
estamos do jeito que devemos estar. Voltei a ser quem sempre fui, e eu espero
muito que você esteja satisfeito com quem você é agora. Estamos bem assim, eu
aqui e você aí, mas sempre carregarei um pedaço seu, assim como sei que você
carrega um meu também.
Feliz Natal, espero que você esteja bem.
Eu estou.
- Em Tenebris
Lindo isso ♥
ResponderExcluirhttp://www.blogsecretplace.com/
ai meu deus,que texto maravilhoso💝
ResponderExcluirÉ a Vitória Dozzo msm ? Que tem um canal e tal ?
ResponderExcluirSim é ela mesma, sigo ela todas as redes sociais
ExcluirOi Vica, esse texto mexeu muito comigo, porque me fez lembrar de coisas também. Essa palavra que você tanto mencionou, o "nós" machucou de uma forma que precisei parar para recuperar o fôlego. Obrigada pelas palavras, me fez voltar no tempo, nos pensamentos, me fez voltar a quem eu era há quase um ano.
ResponderExcluirUma mistura de tristeza e alegria
ResponderExcluirMe senti tocada
Lindo !
nossa mano
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