Parece cansada. Tem olheiras e está magra demais. Os olhos passam uma tristeza sem tamanho, e o coração bate tão lentamente como se fosse parar. Se julgava forte, diferente, imbatível, até ser derrotada várias vezes… Uma vez atrás da outra. Sem pausas e chances de poder respirar e se recuperar para a próxima, a vida continuava lhe dando rasteiras e a deixando sem chão sem motivos aparentes.
Era como se ela caisse várias vezes e não tivesse forças para se reerguer. Já teve. Já teve muita força. Já lutou contra as dores e repreendia toda a negatividade que beirava lhe atacar, mas desde 2009 depois de um abandono fatal ela nunca mais fora a mesma. Sofreu o suficiente para acreditar nunca poder ser feliz de novo, e apesar de as vezes tentar, ela sempre acaba com o rosto pregado contra o chão, com marcas de lágrimas pela face implorando por um final.
Acredita que seu destino seja sempre cair e nunca ser feliz. Essa palavra mal sai de sua boca, exceto quando se indaga por não ter esse tal sentimento. Tentou tantas vezes se dar um fim parando de comer, com bebedeiras exageradas até lhe faltar consciência, ingerindo remédios para dormir em alta frequência até chegar ao ponto de viciar… Mas parece que ela não pode simplesmente se livrar de tudo isso. Ela está predestinada a sofrer até seu ultimo dia e chora por reconhecer essa realidade.
Talvez um dia, num futuro distante um otário que se apaixone irrevogavelmente por ela a faça realmente feliz, ou ela vai continuar sofrendo pelo mesmo garoto daquele dois mil e nove tumultuado… Aquele ano que divide a extrema felicidade de uma inércia infeliz eterna… Talvez um dia, nossa “heroína” – se é que podemos a chamar assim – encontre um motivo de ter passado por tantos mau-bocados e dê risada de tudo isso enquanto está deitada ao lado do verdadeiro amor de sua vida num sábado chuvoso… Porém, enquanto esse momento não chega, ela se senta no telhado com uma garrafa de vodka em uma mão e uma lâmina na outra, tentando mostrar a si mesma que existe uma dor que ela pode enxergar.
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