6.1.13

Someday we'll know


Eram diferentes, contraditórios. Não concordavam em nada e discutiam feito casal todos os dias, apesar de serem apenas bons amigos. Ela se deitava no telhado durante a madrugava e fechava os olhos esperando receber uma mensagem dele. Enquanto isso ele tocava inúmeras musicas no seu velho violão, parando apenas para falar com ela, perguntar do seu dia, falar sobre amenidades. Riam juntos, cada um num canto da cidade; ambos olhando o visor do celular e esperando por uma atitude inesperada do destino.

Certa vez, durante mais uma das profundas noites em que ela passou embriagada, ligou para ele. Pela primeira vez sentiu o timbre da sua voz; rouca e tímida do jeito que havia imaginado. Se arrependeu minutos depois de desligar, se debulhando em lágrimas, com a certeza de que tinha estragado tudo. Ele odiava falar no telefone, com certeza estaria a odiando no momento, mas não. Ele estava sentado na cama de seu quarto, encarando a parede com os pulsos cerrados, ele se perguntava onde tinha errado, e por quê havia gostado tanto de ouvir a voz dela.

Apesar de não admitir, ela era irrevogavelmente, loucamente, desesperadamente apaixonada por ele. O xingava o dia inteiro, o mandava para o inferno; quando na verdade a primeira coisa que vinha em sua mente quando pensava em inferno era a sua casa. Como ela queria o ter ali. Deitado do seu lado, as vezes trocando toques timidos, porém sinceros, por debaixo das cobertas. Queria ouvir sua voz de pertinho, dividir suas loucuras e discutir olhando nos olhos.

No fundo, ele também queria. Queria muito, só não sabia como admitir para si mesmo. Ele era do tipo que não se apaixonava, brincava com o coração de todas e agora, tinha uma garota brincando com o coração dele... Afinal: "ela não gosta de mim", era tudo que ele pensava. E ela, triste, pensava o mesmo: "por que um cara como ele se apaixonaria justo por mim?". Iam sempre dormir juntos, no mesmo horário. Despediam-se com meu amor, minha princesa, otário, otária, e fechavam os olhos. Imaginavam como seria quando estivessem juntos, e se um dia isso iria acontecer. 

As vezes ela custava a dormir, lágrimas corriam pelo seu triste rosto de insegurança, de vontade, de amor, de qualquer coisa que se pudesse relacionar a ele. Ele as vezes desenhava, tocava algumas musicas, também custava a dormir e falar com ela era sempre a primeira coisa que vinha em sua cabeça quando a solidão apertava. Ela era a sua válvula de escape. Ele era o seu diário. Nos últimos dias haviam começado a se provocar com palavras, caçoando um do outro, dizendo que se queriam num imenso tom de brincadeira, quando ambos corações suspiravam aflitos, implorando para que o destino fizesse algo por aquele "casal" que tanto precisava um do outro.

Ele mudou a vida dela em três meses. Ela abriu os olhos dele e o mostrou segurança. Aprenderam tanta coisa juntos. Ensinaram tantas coisas um ao outro... Ela era como a garoa, que caia devagarzinho nas tardes de verão. Ele era uma tempestade, que destruía tudo ao seu redor. Ela sempre na dela, não corria atrás, tentava impor segurança. Ele a chamava todos os dias, brigava com ela sempre que possível, era o cara durão. Se ele é como a tempestade, ela provavelmente é a garoa, que chegou acalmando os grandes navios do agitado coração dele. Se ela é como a garoa, ele provavelmente é a tempestade, que chegou devastando tudo, inclusive o frágil coração dela.


- Em Tenebris.

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