Oi amorzinho, como você está? Eu estou
bem e queria que você soubesse disso, você merece saber disso. Já faz um
tempinho que não escrevo nem sobre, nem pra você, e isso é de se espantar se
formos usar os ultimos dez meses como exemplo. Mas é que sabe, não ando
sentindo a mesma necessidade que sentia em escrever sobre você. Antes isso me
acalmava, me ajudava a esvaziar todo esse sentimento que eu carrego aqui no
lado esquerdo do peito e ficar pronta pra próxima, mas parece que estou
amadurecendo essa história: mentalmente e espiritualmente falando.
Mas
eu queria organizar essa gaveta de você. Porque depois de certo tempo precisei
comprar uma gaveta e etiquetá-la com seu nome pra poder guardar tudo que lhe
pertence aqui dentro. Seus jeitos, suas ações, palavras, manias e defeitos. E
todas as outras coisas que rechearam todo esse nosso caminho. Ao retirar todo o
conteudo da gaveta, tive uma surpresa meio empactante: reuno mais memórias
imaginárias do que reais, e eu acho que isso não é bom, certo?
Reuno imagens de cenas que nunca
aconteceram, como os beijos apaixonados no sofá de casa, as brigas no meio da
rua e as tardes passadas em sebos da cidade, onde a gente se perdia, se
encontrava, ria e brigava, tudo em um curto espaço de tempo. O engraçado é que
lembro-me de ter sido muito feliz imaginando tudo isso, mais feliz até do que
quando fico ao lembrar das cenas que realmente aconteceram. Por exemplo: das
cinco vezes que nos vimos, uma delas eu detesto sequer lembrar que aconteceu,
já que com ela me vem uma tsunami de emoções: musica alta, gente demais,
oxigênio de menos e muitos beijos... Mas beijos nos lábios errados, de sua
parte e minha também! Não posso me esquecer que também errei naquela noite... Erro,
pelo qual não posso deixar de mencionar, que me arrependo amargamente.
Mas
no meio disso tudo também percebo que fui muito feliz te ouvindo suspirar seus
medos e aflições. Fui feliz em saber que durante esse tempo teu porto seguro e
recosto pra alma era eu, assim como você era, e ainda é, o meu. Devo confessar
que quase toda essa história é culpa minha, mas não falo da parte boa, agora já
estou me referindo a parte ruim. Eu dei muitos passos em falso e deixei que situações-chave
se perdessem muito rápido. Você também errou, e acredito que tenha gostado
muito de mim, da mesma forma que eu gostei de você e não te disse, como você
também não me disse. Tem coisa que a gente não precisa ouvir pra saber, certo?
É claro feito água que nossas formas de
gostar são bem distintas: eu mergulho de cabeça e você ainda está usando boias.
Mas devo confessar outra coisa: ainda tenho esperança de te assistir tirando as
boias e mergulhando até mim, com esse teu sorriso tão lindo e a mesma marra de
sempre. Eu poderia até dizer que você estaria passando por cima do orgulho, mas
quem diria... Nessa história a orgulhosa sou eu e isso também é claro feito
água. Você inúmeras vezes veio falar comigo estando errado, e eu raramente fiz
isso. Me perdoe por ter demorado tanto tempo pra perceber, mas eu estou
tentando melhorar. Espero que você tenha percebido.
Como já era de se esperar, um texto pra
matar a saudade e, pasmem!, falar de coisa boa passou bastante do meu limite de
caracteres. Não que exista um limite, mas as pessoas se cansam de textos longos
demais. Não as julgo, eu também me cansaria se estivesse vendo essa história de
fora, mas como estou assim tão de dentro, leria esse texto inúmeras vezes em
alto em bom som pra te fazer ouvir ai da sua casa que meu coração continua de
portas abertas pra você. Não estou afim de pensar no quão errada estou em fazer
isso, mas vai que por uma breve distração do destino dessa vez eu esteja certa?
Breve distração do destino nesse caso significa ter tido um histórico romantico
horrivel durante dezesseis anos e ter uma leve esperança de que os cosmos enfim
perdoaram as minhas burradas e me deixaram livre pra amar. Quem sabe, não é?
Com amor, daquela que - depois da minha
ilustre e amada sogra - mais te quer bem na vida, e disso, você sabe muito bem.
Até qualquer dia, otário.
- Em Purgare (Fazia tempo que um desses não aparecia por aqui. Eu sei que textos felizes não tocam o coração de ninguém. Mas vocês se importam? Eu não.)
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