16.8.13

You're gonna miss me when i'm gone


      Repare que nossos destinos já não se cruzam mais.
      Você aparece uma hora depois, no mesmo lugar que eu estava.
      Eu vou para o lugar de qual você acabou de sair.
      Estou no mercado, você vai pro posto ao lado, e sai pouco antes de conseguir me ver.
      Nossas ruas parecem estar cada vez mais longe, nossos horários não batem mais. Não há mais tempo, não há mais acaso. O destino brigou com a gente, e decidiu que se nós não tomamos uma atitude, não é ele quem vai tomar. Lavou as mãos, disse que não é pra ser, não adianta insistir.
      Cada um pro seu lado, cada um na sua. Eu por mim, você por você. O tempo vai nos dizer o que fazer.
      Mas às vezes eu ainda tenho um pouco de esperança, sabe? Por mais que tudo grite para que eu não tenha. Por mais que o tempo, os dias, as horas, as pessoas, as paredes, os estranhos, as outras, os outros, os lugares, o destino, minha família, meus amigos, me digam pra esquecer. “Vai passar” “você um dia vai esquecer” “para de pensar, não procura, esquece que ele existe, desapega, apaga o contato”.
      Eu não consigo.
      Nem te ver com ela me faz querer desistir. Algo em toda essa história não faz com que eu queria desistir. Algo em toda essa história não me dá forças pra desistir. Não me dá coragem. Não me dá algo sólido. Mas imagino que você vá sentir saudade. Na verdade, espero que vá. Que vá sentir saudade de mim, do meu jeito estranho e de todas as coisas que você um dia disse gostar.
      Afinal, quem um dia escreverá sobre você como eu escrevi?
      O destino desistiu de mim. Eu sei, você sabe. Todo mundo desistiu. Você desistiu. Mas é que... eu não consigo. Só isso. Ou, tudo isso. Nada disso. Eu te prometo que estou tentando. Todos os dias penso nisso, penso em um jeito de sair, procuro a porta de saída em todos os cantos aqui dentro. Mas eu não consigo achar. Tenho uma chave nas mãos, tenho uma corda amarrada aos pés, tenho algemas e laços muito bem dados...
      Laços que talvez sejam nós. Por nós – eu e você.
      Um “nós” meio imaginário, totalmente. Mas existe, em algum lugar eu sei que existe.
      Nos meus sonhos.
      Lá o “nós” tem cor, música, voz, cheiro, movimento. Lá eu posso sentir como se existíssemos de verdade.
      E talvez seja esse o problema, e a solução é dormir. Não um cochilo, não uma noite. Não! Porque eu sempre acabo do mesmo jeito: acordando e te perdendo. Você foge de mim quando meus olhos estão abertos. Só nos meus sonhos eu posso te encontrar.
     Boa noite, amor.
     Nos encontraremos mais tarde.

- Em Tenebris.



3 comentários:

  1. Gostei muito da forma que escreve, parabéns.

    Estou seguindo seu blog para acompanhar as atualizações e sempre que puder fazer uma visita.
    Abraços

    http://reaprendendoaartedaleitura.blogspot.com.br/

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  2. Esse texto é de sua autoria, Vitoria? Nossa, nem sei o que dizer. Ele me tocou, de verdade. E além de o texto já ser lindo, a maneira como ele foi escrito... minha nossa, impossível não se identificar. Chegou a me vir lágrimas aos olhos, no final. Per-fei-ção!

    flyingwhisper.blogspot.com.br
    @nathcarvalh0

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    Respostas
    1. Sim!! Eu que escrevi! Muito obrigada, de verdade mesmo <3

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