5.1.14

Do you ever get homesick?


      Com a cabeça pesada e cheia de dores me sentei na cama de casal que agora estava vazia. Fitei o teto e ao ver a estrelas de borracha coladas nele, instintivamente fechei o olhos e sonhei… Acordada.
      Lembrei-me com carinho de todas as diferenças que existiam entre nós, do seu péssimo gosto musical e da minha extrema vaidade. Você mal sabia dançar, vivia pisando nos meus pés e eu nunca tive coragem de reclamar. Lembro-me bem da noite de formatura,onde você tinha bebido mais do que o necessário e acabou caindo de joelhos em minha frente antes de podermos dançar nossa primeira valsa oficial como formados. Eu, como sempre bem-humorada, fechei os olhos e ri de sua cara, o ajudei a levantar e me desculpei em seu nome para todos.
      Você nunca reconheceu meu esforço em manter nossa relação, e a prova disso foi deixar a porta aberta ao ir embora pra sempre naquela terça-feira chuvosa. Além de deixar a porta de casa aberta, deixou a porta de meu coração aberta também, mas parece que tem um abismo entre minha posição e a porta, um abismo que há tanto tempo eu tento passar.
      Ah como eu quero poder fechar aquela porta.
      Entrou um inverno insuportável por ela nos últimos onze meses, e eu não aguento mais passar frio. Eu estava muito acostumada a estar quente ao seu lado, e mesmo quando não estava quente, só o calor de seu sorriso me mantinha aquecida. Era bom me cobrir com seus lábios, e com seus abraços também. Usar seus braços de cobertor e dividir uma ou duas xícaras de café nas tardes chuvosas… E foi bem assim que você foi embora.
     Depois de terminarmos mais uma xícara de café e uma comédia-romântica européia, onde o casal se perde em Paris e se encontra em Londres… Eu me perdi de você aqui no Rio mesmo, e não quero ir para São Paulo para ter que encontrar, se bem que, se for para te reencontrar eu vou até o Cazaquistão, até o inferno, até a China… Apesar de eu saber que na China eu nunca vou te encontrar, já que sempre detestou a Ásia, muito menos no inferno, pois você é o tipo de pessoa que nem o Diabo quer… Só eu quero, e você resolveu fugir justamente da unica pessoa que te quer.
     Talvez seu problema seja esse, seja essa sua mania ridícula de fugir de tudo aquilo que quer teu bem, que quer você. Fugiu de seus pais, de sua irmã, da sua melhor amiga e agora de mim. O que você quer? Quer levar uns tapas? Um par de chifres talvez? Pode doer mas eu juro que faço o que você quiser se eu poder te ter de volta. Faço até seu macarrão com gengibre, escuto Mamonas e canto Led Zeppelin para você na chuva! Se for preciso, corro até o alto de um penhasco e me jogo depois… Me jogo para teus braços, teu corpo, teus olhos, para qualquer coisa!
     Mas por favor, volta, volta, volta. Volta.
     Por favor, volta.
     É tudo que eu peço, tudo que eu imploro. Nem que seja para errarmos tudo de novo, mas não me deixe te perder de novo, não me deixe dar mais um suspiro sem você.

- Em Tenebris

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