2.9.14

I can't stop reading our story



Maio de 2019.

    Faz tempo que não escrevo sobre você. Talvez isto seja consequência do tempo que passou... E como passou! Passou e nós mudamos. A faculdade acabou, namoros foram e voltaram e você continua aqui dentro... Pouco, mas continua.
    Lembrei de você depois de anos, numa tarde qualquer, enquanto olhava para um garoto branco feito leite atravessando a Av. Paulista. Louro, nada alto, magrelo. O teu completo oposto. Tua versão negativa. Mas me lembrei de você e acredito que o motivo disto é a minha reprimida insistência de te guardar em mim e para mim. Em segredo, escondo em cantos distintos do meu corpo detalhes teus, e eles reaparecem assim, numa tarde chuvosa de quarta, enquanto vou para o trabalho. Ou em uma sexta quente, enquanto tomo um bom café na Fnac. O ponto é que nem cinco anos depois, aqui em São Paulo, deixo de me lembrar de você em momentos pequenos e rápidos. Assim como era em Maringá. Assim como era em Londrina. Assim como seria em qualquer outro canto deste mundo.
    Eu tinha dezessete anos quando te amei e hoje, aos vinte e dois, entendo que ele não foi embora por completo. Tenho certeza disto quando sinto teu cheiro em outros pescoços ou ouço teu riso em outras bocas.
    Você provavelmente não se lembra - assim como eu em teu lugar não me lembraria - mas gosto de pensar que no fundo você guarda a lembrança de uma garota insistente que por muito tempo não te deixou em paz. Tanta coisa mudou... Não te vejo há anos e mal sei que caminho tomou. Não se sei cursou medicina ou engenharia. Se cortou o cabelo e se fez a tatuagem que tanto queria.
    Fiz questão de te apagar da minha vida quando deixei nossa - mais minha do que sua, devo ressaltar - cidade cinco anos atrás. Pena que não consegui te apagar dos meus sonhos nem dos meus devaneios mais criativos. Percebi que o tempo passou mas não levou com ele minha vontade de beijar cada uma das tuas cicatrizes...
    E não há trânsito, chuva, teatro, favela, paulista ou qualquer outra coisa que me impeça de pensar em como eu estaria mais feliz se estivesse nos teus braços quentes e confortáveis, do que aqui ou em qualquer outro lugar do mundo.
    Criolo estava errado, não é só em São Paulo que não existe amor.
    Sem você não existe amor em lugar algum.

- Em Tenebris

2 comentários:

  1. Ahhhh, meu deus! Não sei se gostei mais do texto por causa da narrativa em si, pela sua escrita, ou se porque, preciso admitir, é totalmente possível que meu "eu" do futuro escreva estas mesmas exatas palavras.
    É uma pena que esteja sem tempo agora para ler seus outros textos, mas assim que der, voltarei aqui. Ganhou uma leitora!
    semanticamentefalando.blogspot.com.br

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    Respostas
    1. Que coisa lindaaaa!!! Muito obrigada!! Fico imensamente feliz com essas palavras!! Volte sempre querida!! Muitos beijoss

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