22.12.14

Presa no céu



    Não consigo pensar numa época em que as palavras não tenham feito parte da minha vida. Não lembro de um momento no qual escrever não tenha sido minha primeira resposta para algo. Talvez seja por isso que o desespero me inunda quando as palavras não pulam para o papel e transcrevem o que a mente e o coração berram tão aflitos. Domênico Massareto disse que o inferno é intransferível e individual, e esse é meu inferno - um deles. Talvez o maior.
    Meu inferno é não enxergar através de uma folha em branco. É não ver as palavras formando frases num piscar de olhos. É o silêncio de uma mente que grita.
    Às vezes tenho medo de quebrar e nunca mais escrever algo novo que me agrade.
    Disseram-me que essa angústia é apenas um bloqueio de criatividade, que num momento qualquer - durante a aula, por exemplo - ela voltaria, como se nunca tivesse ido embora. E aqui estou eu, no meio de uma das minhas aulas preferidas, escrevendo no canto do caderno sobre meu triste bloqueio.
    Seria este um desbloqueio?
    Escrever sobre a falta de criatividade é recuperá-la? Pa-ra-do-xos.
    A razão disto tudo talvez seja minha "felicidade". Talvez eu não esteja escrevendo justamente por estar feliz, e eu já disse antes que felicidade não põe pão na mesa e por isto não aprendi a falar sobre ela. Mas, se for assim de fato, prefiro morrer de fome.

 
- Em Purgare 

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