7.7.18

A change of heart



                Eu sou tempestade e você é rio calmo e límpido.
             Você é tudo aquilo que eu imaginei que eu quisesse, era o certo, o óbvio, o sentido que eu pensei que precisasse.  
                Eu sou furacão e você é brisa calma e passageira.
    Você é fácil como final de tarde de verão, com o sol beijando nossas peles e o barulho das crianças correndo no quintal. Eu sou noite fria e tempestuosa de inverno. Eu quero correr, gritar, vencer o mundo e ganhar o dia. Você só quer chegar ao final do dia.
   Tudo bem o diferente; tudo bem o oposto. Por todos os nossos dias fomos certos e demos certo. Mas eu achei que seriamos certos por todos os meus dias – e não ter você era inaceitável, improvável, impossível. E olha eu aqui.
   Finalmente podendo ser eu de novo. Como sempre fui.
   Tempestade. Furacão. Noite fria e tempestuosa de inverno.
  Conhecendo gente, desejando outros corpos e pensando que talvez você não existisse em mim tanto quanto eu gostaria que sim.
  Você me salvou. Surgiu quando a tempestade era a maior de todas, a mais sufocante e dilaceradora possível. Quando a escuridão me engolia e eu pensei que não fosse aguentar, quando eu estava perdida, você me encontrou. Você tirou com a mão todos os resquícios de dor que existiam em mim e me mostrou que era possível um amor calmo e sereno. Que era fácil andar de mãos dadas pela cidade e adormecer nos teus braços nas noites de sábado. Eu estava cansada do difícil. E você era o fácil que eu pensei que precisasse.
   E eu sorri. E eu amei. E me entreguei.
  Amei-te tão profundamente que vaga é minha lembrança de um momento em que não te quis todo pra mim, em que não quis entregar-me a ti eternamente diante de Deus e de todos os presentes. Sonhei com o nosso castelo, a nossa casa e com nossos filhos, e, mesmo sonhando sozinha, planejando sozinha, nunca amei sozinha. E o triste é amar sozinha.
  Como acho que você está amando agora.
  Te peço perdão. Humildemente e desesperadamente te peço perdão por não te querer mais. Peço perdão por estar vivendo, e bem, sem você. Como nunca pensei que seria capaz. Eu te amei tanto que o peito chora agudo ao lembrar; mas percebi que pra te amar eu me apagava e, meu amor, eu quero incendiar.
           Finalmente vi que você é rio calmo e límpido enquanto eu sou a mais forte das ondas do oceano. E eu preciso de um amor como eu sei amar - aos gritos, batendo contra as pedras e lutando contra a maré brava.  
          Por anos me convenci de que eu precisava de um oposto para me acalmar. Mas enfim enxerguei que eu não quero me acalmar. Eu quero gritar aos quatro ventos a tempestade que sou. E você acalmava meus ventos e a chuva parava...
  Sempre parou.



- Em Tenebris

3 comentários:

  1. Esse texto disse mais do que meu estômago aguentaria as 02 da manhã de uma noite fria na Irlanda...
    Esse texto foi a libertação de alguém que quando achou que tinha encontrado a liberdade, dependia do outro pra ser livre.
    Você alto Vica.
    Apesar das mudanças
    Do constante movimento
    Lembre-se de qie você tem um Pai a obedecer, um Senhora servir, um Deus pra adorar, um Salvador maravilhoso e um consolador doce e que quando a gente tem isso, ou melhor, quando nos pertencemos a isso, nada acontece sem motivo.
    Eu amei o texto e a ideia do blog
    Acho lindo que você tenha voltado a escrever como contou no Instagram, esperocmais textos tão profundos e verdadeiros quanto esse.
    Bjs
    Tayana Alvez

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  2. Isso foi tão lindo e triste ao msm tempo, incendeia vica,vc é puro fogo alcance o topo do mundo pq vc foi feita p voar����

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