10.11.13

José



Telhado, 10 de novembro de 2009.
       
              Querido José,
   
      Te vi na rua hoje. Você usava aquela camiseta branca que eu sempre disse que te deixava gordo, a calça preta que te dei algumas primaveras atrás e o maldito tênis verde que você não tira do pé. Seu cabelo estava daquele mesmo jeitinho descabelado de sempre. Daquele jeitinho que eu sempre gostei tanto... Você estava vestido com o nosso passado, Zé. Pensei em ir até você e te explicar tudo do meu jeito. Sim, daquele jeito meu que você sempre disse que não dizia nada, daquele jeito que te estressava e te fazia dormir de bico. Pensei em ir te dizer todos os motivos que me levaram a partir, e te implorar para que não pensasse que eu fui por não te amar.
    É o contrário disso, Zé.
    Fui embora porque te amava demais. Tanto que doía. 
    Fui embora porque não sabia mais como lidar com seu jeito estúpido de ser e ver as coisas. Fui embora porque tive medo, Zé. Muito medo.
     Mas te ver ali diante de mim e não poder fazer nada me tirou o chão novamente. Me fez querer gritar, correr até você e pedir desculpas, pedir pra esquecer tudo e pra lembrar do que foi bom, porque foi muito bom, Zé.
    No final acabei sem coragem, como sempre. E sei que se você estivesse do meu lado teria brigado comigo e ido embora, dizendo que gente sem coragem é gente que não vive. E você sempre esteve certo... Não só nisso, mas em tudo. Me perdoa por admitir isso só agora?
    Então te gritei. E você ouviu. Virou-se e procurou da onde vinha a voz que tinha lhe chamado. Esperei sua reação e fui embora feliz.
    Eu esperei a sua reação Zé, mas não por você. Não mais.

                                                              Sem mágoas, 
                                                                    Com amor. 

- Em Purgare
   


   

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